
O HackGirls 2025, maratona de inovação da Fiocruz, mostra o poder das meninas na ciência e na tecnologia
Durante três dias de imersão em letramento digital e tecnologias emergentes, entre 15 e 17 de outubro, meninas do ensino médio de escolas públicas do Rio de Janeiro viveram uma experiência transformadora de aprendizado, criatividade e empoderamento.
A maratona tecnológica HackGirls 2025, promovida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por meio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), reuniu 50 meninas cis, trans e não-binárias em uma jornada de inovação com um propósito claro: mostrar que ciência e tecnologia também são lugares de mulher.
Atividades no Porto Maravalley, Nave e Fiocruz ampliam horizontes
As atividades com as jovens aconteceram em três espaços simbólicos da cidade — Fiocruz, em Manguinhos; Nave do Conhecimento, no Engenho de Dentro (Engenhão); e o Porto Maravalley, hub de tecnologia e inovação na Zona Portuária do Rio. Entre oficinas, mentorias, palestras e rodas de conversa, as participantes desenvolveram protótipos e soluções criativas para desafios ligados à saúde da mulher e à geração de renda, com o apoio de cientistas e profissionais de diversas áreas de conhecimento, que atuaram como mentores.
“Ciência também é lugar de menina”: objetivo central do HackGirls
A pesquisadora e coordenadora do projeto, Klena Sarges, explica que a proposta é conectar a educação científica à transformação social. “Quando meninas de territórios vulneráveis têm acesso à ciência, elas passam a enxergar o próprio potencial e a criar soluções mais humanas e inclusivas. É sobre ampliar horizontes e gerar equidade a partir do conhecimento”, afirmou.
Meninas exploram IA, design thinking e inovação
A programação também foi marcada por momentos inspiradores como rodas de conversas com mulheres cientistas da Fiocruz, oficinas de “IA Generativa”, “Design Thinking” e “Como apresentar uma ideia – o pitch”. As meninas também acompanharam a palestra “De meninas a cientistas”, com Caroline Oliveira, a física mais jovem do Brasil, que contou como chegou à universidade aos 17 anos e incentivou as estudantes a acreditarem em seus sonhos.
Física mais jovem do país inspira participantes com trajetória na ciência
Para Caroline, participar do HackGirls foi tão transformador para ela quanto para as meninas:
“Foi muito gratificante estar no HackGirls. Foi uma honra imensa poder inspirar e compartilhar mais um pouquinho da minha trajetória com essas meninas brilhantes que desenvolveram projetos incríveis em um período tão curto de tempo. Eu fiquei super orgulhosa, gostei muito de cada projeto e tenho certeza de que a gente já conseguiu deixar no coração delas uma sementinha da ciência para germinar cada vez mais”, revelou.
Arte, literatura e reflexões sobre mulheres na ciência
Após a conversa com a física mais jovem do país, aconteceu a apresentação de balé do Projeto ViDanças, que trouxe arte para as meninas. Já a jornalista e escritora Juliana Krapp conversou sobre o livro Mulheres Cientistas e provocou uma reflexão sobre os estereótipos que ainda cercam o fazer científico; “ser cientista não é só usar jaleco e estar em um laboratório. É sobre curiosidade, coragem e vontade de transformar o mundo”, afirmou Juliana.
Diversidade e inclusão com a ONG DiversificaDev
Outro destaque foi a participação das representantes da ONG DiversificaDev, Beatriz Ramerindo e Rafaela Cuoco, que apresentaram o trabalho da instituição — uma rede segura, que oferece cursos gratuitos, acolhimento e apoio emocional para pessoas trans, travestis, não-binárias e outras identidades sub-representadas no mercado de tecnologia.
Pitch final reúne equipes e apresenta ideias inovadoras no Maravalley
O ponto alto do evento ficou para o final do último dia, quando as equipes apresentaram seus pitches no Porto Maravalley. Em um clima animado e de torcida, as ideias foram avaliadas por uma comissão de especialistas.
MC Soffia anima participantes com música, dança e autoestima
Enquanto aguardavam o resultado, as meninas aproveitaram a apresentação vibrante da cantora MC Soffia, que levantou o público com música, dança e mensagens de autoestima e resistência, no compasso do Rap.
Equipes Matinta, Mary Jackson e Science Gurlz são as vencedoras
Eram nove equipes de meninas e a premiação coroou o talento e a criatividade das participantes das equipes:
1º lugar — Matinta
2º lugar — Mary Jackson
3º lugar — Science Gurlz
Além dos troféus e certificados, as equipes vencedoras irão receber bolsas de R$ 400 por seis meses, além de cursos de capacitação e acompanhamento para o desenvolvimento de seus protótipos.
HackGirls fortalece a iniciação científica e a presença feminina na tecnologia
Para Klena Sarges, o HackGirls é mais do que um evento: é o início de um ciclo de descobertas. “A iniciação científica é uma porta aberta. Quando uma menina entende que pode ser pesquisadora, desenvolvedora ou inventora, ela passa a ocupar espaços que antes pareciam inalcançáveis. E é exatamente isso que queremos — ampliar as possibilidades de futuro”, concluiu.
Mais do que uma maratona de inovação tecnológica, o HackGirls 2025 reafirma o poder da educação científica e da inovação como ferramentas para inclusão, diversidade e equidade de gênero.

